Dos salões para as ruas: veja fotos dos antigos carnavais de Curitiba
- Jornal do Juveve
- 24 de fev.
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Em Curitiba, os primórdios do carnaval remontam à metade do século 19, quando a folia ainda se restringia aos salões dos clubes sociais. O primeiro registro de indício carnavalesco da cidade data de 1857, com um baile de máscaras noticiado pelo jornal Dezenove de Dezembro.

Celebrado mundialmente antes da Quaresma cristã, o carnaval no Brasil se transformou em um patrimônio cultural e grande ativo econômico do país. A festa popular, que começou com brincadeiras onde as pessoas jogavam água, farinha e até frutas umas nas outras, foi se popularizando ao longo do século 19, alcançando diferentes camadas sociais.
1917 - Baile de carnaval no Clube Curitibano.
Documentos históricos do Centro de Departamento de Casa da Memória, da Fundação Cultural de Curitiba, conservam alguns registros da tradição popular, entre eles a reprodução de um panfleto de 1884, que anunciava os dias da festa: 23 e 26 de fevereiro, em Curitiba e em Paranaguá.
Outro documento especial é o livreto Nem que Me Mordas: Pequena História do Carnaval de Curitiba, publicado em 1974 e assinado por nomes como Jorge Naroszniack, Valêncio Xavier e Lúcia Camargo, com ilustrações de Alceu Chichorro e Poty Lazzarotto.
O livro traz quase uma cronologia da história do carnaval curitibano. Por ser considerado uma obra rara, ele é guardado em ambiente com temperatura controlada, e só pode ser consultado no local e manuseado com luvas.
Começo do século 20

Os documentos relatam que ao longo do início do século 20, o carnaval de Curitiba deixou os salões e passou a ocupar as ruas da cidade. Os desfiles de carros alegóricos, os corsos, animavam a Rua XV de Novembro, a Praça Osório e a Rua Comendador Araújo.
1930 e 1940

Em 1930, o evento sofreu transformações, com o crescimento de blocos carnavalescos e a instituição dos concursos de fantasias. Foi nessa década que surgiram as figuras do Rei Momo e da Rainha do Carnaval, fortalecendo a identidade da festa.
Nos anos 1940, os blocos deram origem às primeiras escolas de samba. A mais antiga delas, a Colorado, foi fundada na Vila Tassi, região da classe operária e da população negra de Curitiba, hoje Jardim Botânico. No livro Colorado: A Primeira Escola de Samba de Curitiba, produzido com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, João Carlos de Freitas descreve que a escola nasceu sob a influência do sambista Ismael Cordeiro, conhecido como Maé da Cuíca.
Em 1948, surgiram os blocos Não Agite e Embaixadores da Alegria, que nos anos 1950 se consolidaram como escolas de samba ao lado da Dom Pedro II. A Embaixadores da Alegria é a escola mais antiga da cidade em atividade.
1960 até hoje

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por fusões e dissidências entre blocos e escolas, refletindo as mudanças na estrutura do carnaval curitibano. Desde 1968, a Marechal Deodoro tornou-se o palco principal dos desfiles das escolas de samba da cidade, com algumas mudanças no decorrer das décadas de 1990 e 2000.
O carnaval de Curitiba destaca-se pela diversidade e pelo caráter democrático, abrangendo desde o Carnaval Nerd, voltado para a cultura geek, até o Rancho das Flores, bloco formado por idosos atendidos pela Fundação de Ação Social (FAS). A Marcha dos Zumbis, integrada ao calendário oficial desde 2012, é outra manifestação que reforça a pluralidade do evento na capital paranaense.
Fonte: PMC
Fotos: Acervo da Casa da Memória de Curitiba
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