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Foto do escritorJornal do Juvevê

Dor de corno... quem nunca?


Bar e dor de cotovelo não são novidades pra ninguém, tá no brega, no sertanejo, na literatura, no cinema. Parece que nada é mais inebriante do que essa balada “Lupiciniana”.

Ao longo dos anos não foram poucos os pileques no balcão do Dionísio, influenciados pela perda de um amor, pelo fim de uma relação conjugal.

Conversando com uma amiga sobre isso e contando sobre meus relacionamentos, da “sofrência” que vivi há alguns anos, ouvi dela a expressão: “Não deixa de ser um luto”.

Fiquei pensando sobre isso, perder um ente querido ainda vivo por desavenças, pelos erros de uma parte ou de outra, trás sempre uma sensação de angustia, de saudade, de solidão.

Mesmo os mais durões quando acometidos por esse mal trágico, encostam-se nos balcões da vida e afogam suas mágoas. Sob o efeito da “maldita” revelam seus sentimentos, soluçam e choram.

Talvez já calejado no consolo de ébrios o dono do estabelecimento reúna toda sua paciência para suportar a choradeira ou faça-se de desentendido para não alimentar as dores.

Mas... quem nunca?

Tive uma namorada a quem me apeguei demais, tínhamos uma parceria bonita, nos entendíamos muito bem. Mas “que seja eterno enquanto dure” acabou.

Não fui ao bar beber por causa disso, fui porque gosto do bar e da cerveja. Como uma puxa a outra e a conversa vai fluindo, acabei tocando no assunto com um amigo e pronto. Já enveredei pela dor de cotovelo, no desabafo do coração ferido, naquela ladainha infeliz.

O amigo, talvez tão “alto” quanto eu, me aconselhou, consolou e se solidarizou. Dionísio só observava, sabe lá o que pensava.

Foi um baita porre, daqueles de jurar nunca mais beber, também foi uma terapia. Sofrendo com a ressaca parei de pensar na “ex” e quando a ressaca passou já havia uma certa aceitação, uma resignação.

Dionísio nunca tocou no assunto, nunca censurou, não tirou sarro, ficou na dele como se nada tivesse acontecido.

Amarguei a tal dor de corno, mas... quem nunca?


Watson

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