Câmara tem desagravo ao Coritiba e pedido de retratação à vereadora
- Jornal do Juveve
- 11 de fev.
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Parlamentares reagiram a comentários da Professora Angela sobre racismo no Coritiba. Vereadora pediu desculpas nas redes sociais.

No dia de ontem (10), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou uma moção de apoio ao jogador de futebol Leonardo Pinheiro da Conceição, o Léo, zagueiro do Club Athletico Paranaense, vítima de racismo durante um jogo contra o Coritiba, no dia 25 de janeiro. Apresentada por Giorgia Prates - Mandata Preta (PT), a moção foi aprovada por unanimidade pelos parlamentares da CMC. Após a votação, uma fala da Professora Angela (PSOL) repercutiu na internet, após torcedores do Coritiba reclamarem dela nas redes sociais.
Hoje, cinco vereadores fizeram um desagravo ao time de futebol. Durante o debate da moção na Câmara de Curitiba, Professora Angela (PSOL) disse, no meio de uma manifestação mais longa sobre a agressão ao jogador Léo, que “Curitiba tem um histórico, né… [de racismo]. E o Coxa mais ainda… de racismo”. No mesmo dia, ela publicou um vídeo pedindo desculpas pela fala. “Errei. O racismo é estrutural no Brasil e não pode ser tratado como clubismo. Quase todos os times brasileiros já tiveram casos de racismo na sua história, portanto eu fui infeliz ao mencionar com ênfase o Coritiba neste debate. Quero pedir desculpas aos torcedores e à instituição”, registrou.
No início da sessão desta terça-feira (11), quatro vereadores fizeram manifestações em desagravo ao Coritiba Foot Ball Club, chamado de Coxa pelo seus torcedores, criticando Professora Angela pela sua fala e solicitando a ela que faça sua retratação na tribuna da Câmara de Curitiba, não somente pelas redes sociais. “É preciso ter responsabilidade com as nossas palavras. Pedido de desculpas em redes sociais é pouco. Precisa vir à tribuna. Os torcedores do Coxa foram gratuitamente chamados de racistas”, protestou Bruno Secco (PMB).
“A gente não pode combater o racismo com preconceito”, continuou Nori Seto (PP). “Meu repúdio às palavras proferidas pela Professora Angela ontem. Foram proferidas com desconhecimento da história do Coritiba, que sempre foi um clube inclusivo e acolhedor para pessoas de diversas etnias. Não é justo que pela atitude criminosa de um torcedor, que pela origem do clube ser alemão, que pelo apelido do time ser ‘coxa branca’, as pessoas julguem e criminalizem o time como se ele fosse uma instituição racista e como se os torcedores compactuassem com o racismo”, afirmou o parlamentar.
Dizendo que é “coxa-branca desde pequenininho”, Da Costa (União) testemunhou que frequenta o estádio [Couto Pereira, do Coritiba] desde os cinco anos de idade “e raramente vi cenas [de racismo]”. “Essa minoria de torcedores [racistas] não representa os seus clubes.
O Paraná Clube já foi multado, torcedores do Athletico já imitaram macacos e foram punidos. A generalização é muito perigosa”, alertou o parlamentar. “O clubismo diminui essa pauta tão importante do combate ao racismo”, completou Renan Ceschin (Pode), ex-jogador do Coritiba.
Incisivo nas suas colocações, Ceschin perguntou com base em quê a vereadora Professora Angela atribuiu o título de “racista” à cidade de Curitiba e ao time de futebol, afirmando que, na sua visão, além da “falta de respeito”, o comentário foi feito “de forma debochada”. “O Coxa colaborou com as investigações, identificou o criminoso e o expulsou do seu quadro associativo”, frisou o parlamentar, que destacou a campanha “Racistas não são bem-vindos no Couto” e o leilão de uniformes, cujos recursos serão destinados a entidades que combatem o racismo em Curitiba. Durante a sessão, Eder Borges (PL) também registrou seu desagravo e a presença de torcedores do Coxa em plenário.
Fonte: Câmara Municipal de Curitiba
Foto: Rodrigo Fonseca/CMC
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