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Ele viaja pelo universo, sua missão: Encontrar vida inteligente em outros planetas para troca de conhecimentos e tecnologias. Aproxima-se de uma nova galáxia, ajusta os sensores de sua nave com certa indolência. Depois de uma eternidade rondando pelo universo sem obter sucesso, já se encontra desanimado. Desconfia que sua espécie seja a única evoluída.

De repente, um sinal, uma onda eletromagnética. Espantado, ele amplifica e decodifica o sinal. Fica surpreso com o resultado.

-♪A-cor-da Pedrinho que hoje tem campeonato. ♫

Será sinal de evolução? Outro sinal, este codificado em pulsos, mas de fácil interpretação. Localiza a origem, vem de um satélite repetidor que orbita um pequeno planeta azul.

Analisa o novo sinal e seu sistema localiza a página da internet, youtube, as imagens de nativos em torno de um tablado fazendo pequenas esferas como planetas se chocarem umas às outras, há um som acompanhando essas imagens.

-♪A-cor-da Pedrinho que hoje tem campeonato. ♫

Será um hino? Uma oração? Se possuem conhecimentos para gerar esses sinais, devem ter algum grau de evolução. Pensa.

Posiciona sua nave mais próxima do planetinha azul, copia as características físicas dos habitantes e se disfarça. Liga o tele transporte e ajusta para um ponto qualquer no planeta. Imediatamente está na frente do Bar do Dionísio. Há um nativo na porta que solta fumaça pela boca.

- Leve-me a seu líder.

- É aquele gordinho careca lá. –Indica Ademir, apontando para o Dionísio.

Ele entra e se dirige ao líder. Vai passando por outros nativos. Estes riem freneticamente, parecem-lhe desesperados. Outro nativo fala com ele, mas seu tradutor não consegue decifrar, mesmo que algumas palavras sejam identificadas, no conjunto não fazem o menor sentido. Outro está em seu caminho, ele pede passagem, porém, o homem leva a mão em concha ao ouvido e parece não compreender. Ele o contorna. Outros estão sentados em banquetas olhando seriamente para uma tela e, de repente, saltam e gritam “gooool”, parecem-lhe selvagens.

Quando consegue chegar ao Dionísio:

- Você é o líder aqui?

- Sim, sou eu mesmo.

- Venho do planeta Spletizck, na galáxia ´kpi14, com a missão de fazer contato.

-Xi! Mais um maluco. Aqui não tem esse negócio de contato não rapaz, nem de abraço eu gosto.

-Não me compreendeu. Quero conhecer sua tecnologia.

Outro humano interfere. É moreno, grandão, tem cara de apiedado.

-Dá uma cachaça pra ele Dio, eu pago.

Meio a contra gosto Dionísio serve o líquido em um copo. “Beba.”

O visitante toma alguns goles enquanto aguarda que o Dionísio sirva outras pessoas, circula pelo ambiente e a bebida faz efeito. Não consegue entender mais nada, não consegue expressar mais nada. Liga o teletransporte e volta para sua nave.

Três dias depois, quando a dor de cabeça e o mal estar passam, dá partida nos motores, entra no primeiro buraco de minhoca e volta pra casa. Leva consigo a certeza plena de que não existe vida inteligente, exceto a sua espécie, em todo o universo.


Watson

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