Sou jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná. Entrei na UFPR ainda usando as máquinas de escrever. Dava em torno de 150 toques por minuto, habilidade adquirida no curso que fiz no Senac aos 18 anos. Na década de 80 saber bater à máquina era tão necessário quanto tirar carteira de trabalho e fazer cadastro no CIEE (Centro de Integração Empresa Escola). Mas como dizia entrei na época das máquinas de escrever, em 1984. Dois anos depois comecei meu estágio no Departamento de Comunicação da Rede Ferroviária Federal. Lá as máquinas eram IBM, elétricas. Precisava ter um toque suave, muito diferente de como eu datilografava. Em algumas semanas aprendi a controlar a pressão no teclado e creio que o meu rendimento melhorou pra uns 180 toques por minuto. No último ano da faculdade, o Curso de Comunicação ganhou seu primeiro computador, e foi nele, usando o revolucionário Word, que escrevi alguns trabalhos escolares. Na TV Paranaense, onde entrei em 1986 os computadores demoraram pra chegar. Na redação usávamos as robustas Remington. Em horários de fechamento era aquele tec-tec frenético multiplicado seis ou sete vezes pela equipe que fazia as laudas. Se errasse qualquer coisa, o pincelzinho com Errorex corrigia. Não sabe o que é Errorex? Era um líquido branco, que vinha num vidrinho, parecido com esmalte. Você literalmente pintava a letra, palavra ou linhas inteiras, esperava secar e reescrevia o texto.
Só nos anos 90 o computador passou a ser ferramenta diária de trabalho. Os relatórios feitos à mão, na rua, tinham que ser reescritos para arquivo quando voltávamos para a redação. E tudo seguiu mais ou menos igual até a chegada dos smartphones e dos aplicativos de mensagens. Hoje você dita o texto e ele já aparece no visor do telefone. Dá também pra digitar. As novas gerações têm uma habilidade incrível usando os dois polegares ou indicador. Não sei se chega aos 180 toques da minha época com as máquinas elétricas, mas a verdade é que hoje ninguém mais faz curso pra aprender a digitar, e a velocidade vem do uso simbiótico entre o celular e seus usuários. Aliás, lembro-me de ter feito um curso de MSDOS pra me habilitar a usar os computadores da Universidade. Era uma tela escura onde era preciso digitar trocentos comandos para abrir uma página ou um programa. Hoje, quem precisa de curso. A criança nasce, começa a brincar no computador, ou no note, ou no telefone, e quando tem lá seus 10, 12 anos já sabe, tecnologicamente falando, muito mais do que eu sabia aos 18. E se não sabe, basta consultar o Google. O mundo tem experimentado uma evolução tão rápida e vistosa que muitos de nós até esquecemos que nem sempre foi assim. Mas os quarentões vão se lembrar da fita VHS rebobinada nas locadoras, da caneta Bic usada para “destravar” a fita K7 ou das fotos, em filme, tiradas em número reduzido nas nossas viagens por causa do custo da revelação. Vou estar com vocês todas as semanas aqui no Portal do Jornal do Juvevê pra falar de coisas de ontem, de hoje e de amanhã. Histórias, opiniões, relatos, análises. Não vai ser uma coluna sempre com a mesma cara, e sim um encontro pra gente falar dessa diversidade louca no nosso mundo. E claro, vou gostar muito de receber o seu feed back pra gente continuar melhorando sempre.
Tamo junto. Obrigado pelo convite, Bernardo Carlini.
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